POKEWALKER



  Há poucos dias  comprei uma cópia de Pokémon SoulSilver para mim. O jogo é realmente a melhor versão de Pokémon já feita para o DS, mas não é disso que eu vim falar. Vim falar do acessório  Pokéwalker , que, sem exagero, até agora tem sido a minha parte favorita da brincadeira.
Apesar dele ser bem legal, é muito raro se deparar com informações sobre o pequeno acessório fora do circuito de sites Pokémon-serious-business (Serebii.net, Bulbapedia etc), mais ainda em português. Eu mesmo não fazia praticamente nenhuma ideia de como ele funcionava antes de pegar na mão pela primeira vez, e olha que adoro Pokémon e me esforço para me manter o mais bem informado possível sobre games em geral.
A questão é que agora eu sei como ele funciona, e como achei tudo um bom tanto mais complexo e interessante do que o esperado, resolvi escrever este texto para apresentar o brinquedinho novo que em breve pode ser seu.

» O básico da caminhada

A informação mais básica que se pode saber sobre o Pokéwalker é que você pode transferir um Pokémon capturado no DS para dentro do Pokéwalker. Qualquer Pokémon. Ele fica lá dentro, aparecendo na telinha, como se fosse um  Tamagotchi uma década atrasado. A metáfora disso é que você está levando o Pokémon para um passeio.
A segunda informação mais básica é que ele é um pedômetro. Apesar da semelhança da palavra e do desgaste da piada, não, ele não tem atração sexual por crianças. Bem diferente disso, um pedômetro é meramente um equipamento para registrar passos dados. Você anda, ele contabiliza o quanto você andou. Simples.

» Evoluindo a passos largos

A mágica se dá na junção dessas duas informações: cada passo dado por você, humano provavelmente um pouco sedentário, equivale a um valioso ponto de experiência para o seu Pokémonzinho. Acessando a tela Summary de cada bicho no DS você pode — e isto não é novidade — ver exatamente quantos pontos de experiência uma criatura qualquer ainda precisa para passar para o próximo nível. Digamos que você tem uma Magikarp nível 19 que precisa de meros 3000 pontos para chegar ao nível 20 e (como bem sabe todo mestre Pokémon, mesmo os noobs) evoluir para um glorioso Gyarados. Coloque o peixe inútil no seu Pokéwalker e vá ao mercado fazer compras ou visite a sua avó no outro bairro ou fique andando em círculos na sala enquanto assiste à trilogia completa de O Senhor dos Anéis em DVD e você provavelmente (certamente, no terceiro caso), terá mais de 3000 passos contabilizados. Como passos = experiência, na volta para o DS você terá um Pokémon bem menos patético para treinar.
Mas por que eu não posso colocar ele lá no nível 10 e ficar andando até ele chegar ao 20?, você pergunta. Porque o Pokéwalker só pode ser usado para acumular experiência até o próximo nível do Pokémon que está lá dentro. Se você colocasse ele lá no nível 10, ele só acumularia o necesário de experiência para chegar ao 11, e nada mais (embora o aparelho continue marcando os seus passos por outros motivos). Depois disso, você teria que devolvê-lo ao DS e então transferir de novo para o Pokéwalker, já no nível 11, para brincar de evoluir mais um nível, e assim por diante.

» Não dá pra fazer um omelete sem quebrar uns ovos

Uma grande frustração pra mim foi há cerca de 17 segundos, quando eu descobri ser impossível transferir um Poké-ovo para o Pokéwalker. O processo de breeding e hatching foi basicamente o que me fez enjoar e abandonar o Pokémon Diamond depois de mais de 100 horas de jogo, já que jamais foi inventada uma atividade mais chata e maçante em um jogo de videogame do que ficar andando para lá e para cá dentro do jogo, sem nenhum motivo além de completar um número arbitrário (e alto) de passos que são necessários para que um ovo se choque e um Pokémon nasça.
Como treinadores mais dedicados fazem diversas cruzas para obter um filhote o mais perfeito possível em sua Nature, Ability e Stats, é necessário fazer esse processo diversas vezes, e ser capaz de fazer isso no Pokéwalker poderia até não ser mais rápido, mas seria infinitamente menos idiota. É algo que simplesmente faria sentido, visto que o que você precisa fazer para chocar as drogas dos ovos é caminhar. Só que por algum motivo ainda precisamos fazer isso in-game em HeartGold/SoulSilver.

» Waaaaaaaaaaaaatts

Mencionei antes que, mesmo que o Pokémon dentro do acessório não esteja mais apto a receber experiência pelo seu esforço, o Pokéwalker continua contabilizando os seus passos normalmente. Isso se dá em parte porque senão ele não passaria de um peso sem propósito no seu bolso, mas também porque você ganha um watt (1w) a cada 20 passos.
Os watts têm muitos usos, e você vai querer ganhar um monte deles. Compre um tênis novo e vá dando adeus a esses pneuzinhos.

» Achando itens

Gastando meros 3w, você pode usar a Dowsing Machine uma vez. Trata-se de um pequeno e ingrato minigame que pode lhe valer um item se você tiver um pouco, só um pouco de sorte. Ao entrar nele, você vê seis matinhos. Há um item escondido num deles, disso você sabe. Mas qual? A princípio, a única coisa que você pode tentar fazer é chutar um dos seis. Pouco menos de 17% de chance de acerto.
Caso você erre — o que vai acontecer estatisticamente em 83% das vezes –, você ganha uma segunda chance, agora com uma dica. O jogo te dirá se “It’s near!” (“Está perto!”) ou “It’s far away” (“Está longe…”). No primeiro caso, significa que o item está em um matinho vizinho ao que você escolheu primeiro, o que já aumenta as suas chances para 50%, ou até mesmo 100% (se você tiver escolhido de início um dos matinhos das pontas, que só têm um vizinho). Caso o item esteja longe, significa que ele está em qualquer matinho exceto algum vizinho ao que você escolheu primeiro. Geralmente você vai ter que chutar entre três ou quatro matinhos.
Ou seja: prepare-se para gastar 3w à toa diversas vezes.

» Capturando Pokémon

Pior do que gastar 3w à toa é gastar 10w à toa. E isso também vai acontecer muito. Mas pelo menos a recompensa é proporcionalmente melhor: um novo Pokémon para a sua coleção. Tudo que você precisa é acionar o Poké-Radar e passar por um outro minigame, este imitando uma batalha.
As regras são bem simples. Ambos os Pokémon têm apenas 4HP e um ataquezinho genérico. No seu turno, você pode escolher Attack, Evade e Catch. Um ataque tira 1HP (a menos que seja um raro Critical Hit, que tira 2HP). Se você ou o Pokémon selvagem escolherem Evade quando o oponente escolheu Attack, quem escolheu Evade não toma dano e tira 1HP do adversário num contra-ataque. Se ambos escolherem Evade, só ficam olhando um pra cara do outro. O objetivo, como sempre, é deixar o oponente com pouca energia e escolher a opção Catch para tentar a captura. Só que nem sempre dá pra deixar com 1HP sem morrer antes — ainda bem que muitas vezes rola de capturar com 2HP. Isso se o malditinho não fugir antes, o que acontece com uma boa frequência.

» Vá pensando em comprar uma esteira

O que me deixou positivamente impressionado foi a complexidade que eu descobri estar por trás de um acessório de aparência tão simples. Pra começar, é bom dizer que há mais de 20 rotas diferentes por onde você pode levar o seu Pokémon para passear. De início, só duas estarão disponíveis, com as outras esperando para serem desbloqueadas de diversas formas. A maioria se abre quando você guarda uma determinada quantidade de Watts e os transfere para o DS (sem gastar procurando Pokémon ou Itens), mas alguns ficam disponíveis depois de certos eventos do jogo, ou ainda via Mystery Gift/Nintendo WFC — como a Yellow Forest, onde você pode pegar uns Pikachus interessantes, com Fly e Surf.
Cada uma dessas dúzias de rotas traz seis Pokémon diferentes para você capturar, além de um conjunto único de itens para encontrar. O jogo não te diz isso, mas pesquisando por aí eu descobri que eles são divididos em três grupos: C, B e A, sendo que os C são os dois mais comuns, os B são os intermediários e os A são os mais fodinhas/raros. Acontece que cada vez que você coloca um Pokémon no Pokéwalker e escolhe por qual rota vai andar (isso é feito no DS), o jogo escolhe apenas três Pokémons para aparecerem no Poké-Radar, um dos dois A, um dos dois B e um dois C. E os Pokémons do grupo B e A (assim como os melhores itens) só aparecem depois de um certo número de passos caminhados pelos seus pés.
Ok, isso está ficando complicado. Sem dar muito spoiler, veja a imagem a seguir, retirada do Serebii.net:
Estes são os Pokémon que você vai encontrar em uma das duas rotas disponíveis imediatamente, a Refreshing Field. Como você pode ver, os A são Doduo e Kangaskhan, os B são os dois Nidorans e os C são Pidgey e Sentret. Quando você entrar nessa área, o jogo deixará de fora um de cada grupo, então você pode encontrar Doduo, Nidoran Macho e Pidgey, ou então Kangaskhan, Nidoran Macho e Sentret, ou ainda Kangaskhan, Nidoran Fêmea e Pidgey, ou então… você entendeu.
Só que, note na última linha da imagem, para que o Kangaskhan apareça (se é que ele foi selecionado para estar disponível durante este passeio), você precisa ter dado mais de 3000 passos. E mesmo assim precisa de um pouco de sorte.
Como existem até agora 27 rotas, cada uma tem seis Pokémon, e sempre ao menos um desses seis é um relativamente raro, calcule o potencial de captura desse negócio. Há rotas com Magbys, Pikachus com Surf, Elekids, Dratinis, Wailmers, Snovers, Bonslys, Spiritombs, Munchlaxes, Torchics e Eevees, entre outros.
Você só precisa dar umas voltinhas no quarteirão para ter uma chance de capturá-los. Lembra da época em que era quase impossível ter mais de um Eeevee?

» Um considerável tropeço

Depois de jogar por um bom tempo, descobri outra coisa super desagradável a respeito da evolução dos Pokémons dentro do Pokéwalker: se você usar o acessório para evoluir um Pokémon para um nível onde ele deveria aprender um golpe novo, esse golpe não será aprendido.
Explicando melhor: eu tenho um Krabby. No nível 11, todos os Krabby aprendem um golpe chamado Harden. O meu estava no nível 10 quando eu coloquei-o dentro do Pokéwalker antes de sair para  dar muitos passos por aí. Com a caminhada, ele obviamente passou para o nível 11 quando eu o devolvi para o DS. Só que ele não aprendeu o Harden, que deveria aprender nesse nível. Com um pingo de esperança, joguei alguns minutos com ele para fazê-lo passar para o nível 12 da forma tradicional, pra ver se ele aprendia o golpe que ficou para trás. Nada.
Conclusão: antes de colocar um Pokémon dentro do Pokéwalker, entre na Pokédex do Serebii.net e procure por ele — dica: eu acho mais fácil entrar no Google e digitar “[nome do pokémon] serebii net” do que procurar dentro do site. Veja em que nível ele está, e se ele está para aprender um novo golpe no próximo nível. Caso esteja, leve outro Pokémon.
E digo mais: se você for do tipo que se preocupa com cada stat dos seus bichos, tentando montar um time perfeito, é bom fugir completamente do Pokéwalker, já que ele aparentemente não leva em conta os Effort Values. Mesmo assim, vale lembrar que o Pokéwalker continua sendo muito bacana para capturar Pokémons legais que são difíceis de ver pelo jogo. Hoje mesmo eu peguei um Elekid. :D

» Por que é tão legal?

É verdade que eu me surpreendi com a complexidade oculta dos processos e das possibilidades do Pokéwalker, mas a verdade é que eu curti mesmo o aparelhinho simplesmente porque eu gosto dessas coisas e porque ele é, de fato, um pedaço de hardware muito legal.
O visual característico (e bem Pokémon-like) do acessório, os adoráveis sonzinhos precários (esses sim lembram os Tamagotchis) e a tela monocromática de baixíssima resolução, tudo isso contrasta com a aparente mágica da comunicação via  infravermelho entre o acessório e o game card do Pokémon HG/SS para resultar num pedaço de plástico que é difícil resistir.
Estar com um de seus Pokémon sempre no bolso é muito legal. De vez em quando você liga o Pokéwalker só pra ver quantos passos já deu no dia e o seu bicho pode aparecer com um balãozinho de fala contendo um ícone. Se você apertar o botão central do Pokéwalker, acontece algum tipo de interação entre você e o Pokémon, e ele encontra para você algum item, ou uma quantidade bônus de watts.
Ao encontrar outra pessoa com um Pokéwalker, vocês podem se comunicar um com o outro. Isso não apenas rende um item para cada um, como também alguma mensagenzinha narrando o encontro entre as duas criaturas — que aparecem juntas na tela. Como bônus escondido, ambos os treinadores levam as informações de time do outro para que possam batalhar contra ele em Viridian City, na Trainer House.
Depois de feito o passeio e devolvido o Pokémon ao DS, um singelo diário ilustrado do passeio é exibido na tela do portátil, relatando todos os períodos em que o seu Pokémon curtiu a caminhada, quantos passos ele deu com você, em que momentos ele se sentiu entediado, quando e quais Pokémons selvagens e itens foram encontrados, quando houve interação com outro treinador…
Eu sei que parece (e é) besteira, mas todas essas coisas juntas fazem com que seja uma experiência bem diferente, pessoal até, e bem válida, carregar o Pokéwalker todos os dias no bolso ou na cintura. Sem contar útil, sob o ponto de vista da captura de Pokémon semi-raros.
Não sei quanto tempo isso vai continuar me empolgando assim, mas imagino que eu vou querer ao menos jogar até abrir boa parte das rotas e pegar alguns dos Pokémon mais raros disponíveis. No fim das contas, é capaz de rolar uma simbiose interessante: a necessidade de complecionismo do jogo do DS pode me manter interessado no Pokéwalker, enquanto todo o suor literalmente investido no Pokéwalker pode me fazer pensar duas vezes antes de abandonar o jogo do DS, por mais filhos bastardos de um Ditto que eu tenha que chocar no futuro.

by: Raphael Amorim ( putz escrever esse spoiler levou 5 dias, hehe )

2 comentários:

Unknown disse...

Se vc colocar qualquer pokemon no daycare com um tempo ele ira subir de level ilimitadamente e ira aprender movimentos normalmente, mas a cada movimento aprendido ele automaticamete coloca no lugar de outro tipo os movimentos são: A,B,C,D e o pokemon aprende E automaticamente vai ficar assim:
E,B,C,D.

Mas tem um problema, o pokemon mesmo se ficar no lvl 100 não evolui mas isso é de menos. ;)

Unknown disse...

só estou dizendo eu sei que nao tm muito aver mas fica a dica...

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