Assassins Creed 2 [reviews]

NOTA: 9,2


Desmond Miles fez mais uma viagem genética. Só que em vez dos ambientes cavaleirescos das Cruzadas, o novo destino levou Miles para uma Itália que recém abrigou os luminares de um movimento que mudaria completamente as direções da Humanidade.

É no caldeirão fervente da Renascença que Assassin’s Creed 2 mostra por que, afinal, pode ser considerado um dos melhores jogos do ano — e certamente uma das melhores sequências que se tem conhecimento.


Assassins’s Creed 2 deliberadamente pega a fórmula do seu antecessor e eleva a novos patamares de qualidade, realismo e imersão. Mas não apenas isso: toda uma nova forma de se direcionar a controversa linhagem de assassinos se descortina, com uma história mais densa, objetivos variados e um avanço gráfico que imediatamente salta à vista. Isso sem falar que agora você poderá finalmente nadar e executar toda uma nova gama de movimentos.

Só que AC II consegue ir ainda mais longe. Na nova vastidão de cenários, você ainda poderá experimentar um pouco de... economia, conforme controla as finanças de toda uma “Villa”, investindo e colhendo os proventos conforme mais e mais pessoas passam a integrar a sua cidade. Provavelmente algo que ninguém imaginou ser possível no primeiro título.

Novamente, a história se desenvolverá em duas tramas separadas: de um lado, você controlará o Desmond Miles, que novamente é uma espécie de herói “por acaso”. Aliás, a figura de Miles é agora um pouco menos acessória do que no primeiro AC. Logo de início, você controlará Desmond para fora das instalações dos laboratórios Abstergo, que dessa vez não se limitará a um quarto hermeticamente fechado. Mas esse não é realmente o ponto mais alto...


Um dos acréscimos mais bem vindos de Assassin’s Creed 2 sem dúvida vem do esmero da Ubisoft em trazer uma trama muito mais intrincada, profunda mesmo. E essa nova diretiva se reflete nitidamente na construção do seu novo protagonista aqui, o esperto, irascível e ainda um tanto inconsequente Ezio Auditore da Firenze — do qual você inclusive poderá acompanhar o nascimento.

Ezio não é, ao menos inicialmente, o herói forjado e bem treinado que era o seu ancestral, Altair. Longe disso. A bem da verdade, Ezio desconhece completamente suas raízes, e prefere consumir os seus dias em brigas de rua, flertes e boas doses de vinho — mais ou menos o que alguém esperaria de um adolescente durante o século XV.

Entretanto, os eventos potencialmente traumáticos que se sucedem arrancam Ezio diretamente de uma juventude sem propósito específico para uma história lotada de vingança e mistério. Dessa forma, diferentemente do misterioso e calado Altair, Ezio torna-se um personagem muito mais carismático e cheio de possibilidades. Em outras palavras, você não vai pular de telhado em telhado unicamente para encontrar a sua próxima vítima, mas também para saber o que, afinal, os infortúnios de Ezio guardam para o futuro.
Pode-se dizer que a personalidade cativante de Ezio é um belo símbolo para a nova forma da Ubisoft contar histórias em AC. Isso por que toda a trama, de forma geral, ficou agora muito mais densa, e cheia de possibilidades. A história tanto vai se desvelar de assassinato em assassinato, como também vai se desdobrar em questões misteriosas, urdiduras milenares e uma guerra aberta entre famílias — e uma guerra velada contra a ameaça constante dos templários.

Entre as novas possibilidades, aparecem as várias tumbas que ocupam o subsolo das cidades italianas; todas lotadas de puzzles, passagens com ação e, se você for bem sucedido, um prêmio ao final. Trata-se de níveis particularmente intrincados cujo objetivo, em última análise, é recuperar um artefato importante — colete todos e aguarde uma bela surpresa.

A ação aqui se dá predominantemente em um estilo plataforma. A ideia, em boa parte das vezes, é simplesmente encontrar o melhor caminho até a saída — em um estilo bem parecido com o de Prince of Persia: The Sands of time. Mas você também terá que correr contra o tempo outras vezes, embora as melhores tumbas provavelmente sejam aquelas que obrigam Ezio a encontrar um caminho alternativo para perseguir alguém através dos obstáculos.

De maneira geral, AC II traz uma jogabilidade muito mais fluida que o seu antecessor. Ezio responde rapidamente aos movimentos, de forma que mesmo as tradicionais disparadas sobre os telhados das cidades se dá de forma natural e (mais ou menos) segura. Também os ataques específicos ganharam diversas novas sutilezas, ou foram mesmo totalmente reinventados.

Uma das melhorias mais evidentes vem com os combates diretos de Ezio. Sim, você ainda vai poder espreitar na escuridão e esperar pelo momento certo de acabar com alguém — afinal, esse é sem dúvida a essência da coisa aqui. Mas Ezio também é particularmente proficiente com o combate direto, mesmo que seja para acabar degolando o inimigo.

Entre as novas possibilidades, será possível agora desarmar um oponente e utilizar a sua própria arma contra ele. Ou ainda outras possibilidades que vêm de uma prolífica parceria com o lendário Leonardo da Vinci. Entre outras traquitanas, Ezio pode lançar mão de uma nova lâmina envenenada (que causa uma morte realmente... singular) e também uma bomba de fumaça.

Mas existem também outros aliados aqui, menos nobres, mas igualmente funcionais. Trata-se das prostitutas e ladrões que perambulam pela cidade, sempre prontos a da uma ajudinha em troca de alguns florins. Uma luta parece desigual, mesmo com os dotes de Ezio? Sem problemas, por uma pequena taxa, os ladrões vão ajudar a dar conta do recado. Ou, caso você precise passar despercebido por guardas, basta contratar a Providencial ajuda das meretrizes, que vão então distraí-los para que se atravesse o cenário incólume.
A propósito, os próprios mecanismos de ocultação parecem agora muito mais naturais. Nada de sair à cata de um bando de monges para evitar a atenção oficial. Basta agora que você se misture entre os transeuntes, mantendo o ritmo dos passos e se portando naturalmente. Ou ainda apelar para os bancos (e ouvir coisas interessante) ou montes de feno.

Uma das diferenças mais óbvias entre AC II e o seu antecessor vem na forma da nova “Villa”. Trata-se do vilarejo que servirá de lar para Ezio, e que ainda pode garantir alguns proventos extras de tempos em tempos, uma das maiores melhorias da serie AC, tornando o jogo muito melhor

A lucratividade da sua “Villa” aumenta conforme o número de novos moradores que resolvem se agregar ao vilarejo. E isso depende exclusivamente de quanto você está disposto a investir nas estruturas da cidade, melhorando lojas, igrejas e bordéis, por exemplo. Quanto mais você investir, mais proventos a “Villa” vai gerar, e mais dinheiro estará disponível no seu baú de economias. Enfim, caso você já esteja cansado de “esbarrar” em transeuntes para comprar novas armas, trata-se de uma boa possiblidades.

Conforme ocorria no primeiro jogo, caso você comece a praticar a sua “arte” ao ar livre e a todo o momento, Ezio passará a ser reconhecido através da cidade. Isso não é bom, é claro. Entretanto, em vez de simplesmente ficar esperando pacientemente que a sua “barra de notoriedade” diminua, você agora poderá cultivar o seu anonimato de três formas distintas.

Uma delas e sair arrancando os vários pôsteres de “Procurado” espalhados pelas cidades — às vezes em locais bastante incomuns, como telhados, o que tira um pouco o realismo da coisa. Além disso, também é possível subornar um arauto (aqueles sujeitos que berram em praça pública as novidades para quem não souber ler) ou mandar para o outro mundo oficiais chave.

Entre os maiores destaques de Assassin’s Creed II certamente figura o trabalho primoroso da Ubisoft na reconstrução das várias cidades históricas que dão o ar da graça no jogo. Basicamente, a equipe viajou de mala e cuia para a Itália, a fim de absorver a atmosfera geral, cujo desfecho ainda inclui mais de 30 imagens de construções e localidades históricas; imagens que foram posteriormente utilizadas para a construção de diversas texturas do jogo.

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